Uso da TI por indivíduos melhora posição do Brasil em ranking do WEF
Desde 2001, o Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum – WEF) divulga o seu Relatório Global de Tecnologia de Informação, onde mostra o que os países tem feito para se preparar para um futuro digital. O relatório deste ano mostra uma ligeira melhora do Brasil no ranking dos 139 países analisados. O país ocupa atualmente a 72ª. Em 2015, estávamos na 84ª posição, de 142 países participantes. Uma melhora considerável desde 2012, graças ao uso da TI por indivíduos e empresas. Em todos os outros quesitos, pioramos ou estagnamos.
O objetivo da pesquisa é saber como o desenvolvimento tecnológico tem impactado e beneficiado as economias nacionais, além do bem-estar das populações. Para isso, são avaliados os principais pontos a serem trabalhados por cada nação para fazer melhor uso das tecnologias de informação e da comunicação. São quatro categorias, no total: (1) o ambiente geral para uso e geração de novas tecnologias (político, regulatório, empresarial e inovação); (2) o preparo tecnológico em termos de infraestrutura, acessibilidade e competências; (3) o uso das TIcs pelos três grupos de stakeholders (Governo, setor privado e pessoas físicas); e (4) o impacto econômico e social das novas tecnologias.
Em 2016, o Brasil apresentou grandes avanços na utilização individual, subindo para o 57º lugar. Um feito considerado considerável pelos organizadores do estudo, dado que outros países também estão se movendo rapidamente nesse sentido. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 75% dos países analisados no índice deste ano mostram uma melhoria na pontuação em relação ao ano passado.
Porém o ambiente regulatório do país continua sendo considerado fraco, bem como a atuação do governo na promoção das tecnologias digitais. Além disso, o ambiente de negócios e inovação é classificado como um dos mais fracos no mundo (124ª posição), tanto em relação à disponibilidade de capital de risco quanto à atuação do governo como indutor do mercado.
Para o Brasil, assim como para a média dos países analisados, o quadro que emerge este ano dá razão para o otimismo, mas não para complacência, segundo os organizadores. Apesar ainda existem grandes heterogeneidades entre países em termos de preparo tecnológico, a tendência geral é positiva em todas as regiões do mundo. A adoção das TICs por indivíduo é crescente em todo o mundo, graças aos esforços para a redução da exclusão digital. Os executivos de negócios estão otimistas sobre o setor de inovação, mas o impacto da digitalização dos negócios tem feito aumentar a diferença entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Algo que precisa mudar se empresas e países quiserem alavancar na Quarta Revolução Industrial.
Finlândia, Suíça, Suécia, Israel, Singapura, Holanda e os Estados Unidos lideram o ranking mundial quando se trata de gerar impacto econômico dos investimentos em tecnologias de informação e comunicação (TIC).
A Finlândia, que já foi líder do ranking em 2014, permanece em segundo lugar pelo segundo ano consecutivo, seguida pela Suécia (3ª), Noruega (4ª) e Estados Unidos (5º), que subiu dois lugares. Completam o top 10 os Países Baixos, Suíça, Reino Unido, Luxemburgo e Japão.
A Rússia permanece na 41ª posição, a China vem em seguida, subindo três posições, para 59ª, a África do Sul melhorou e subiu 10 lugares, para 65ª, enquanto o Brasil se recuperou parcialmente, para 72ª este ano e a Índia caiu duas posições, para 91ª.
A Europa continua sendo a grande fronteira tecnológica; sete dos 10 principais países são europeus. No entanto, a faixa de desempenho é desigual, com a Grécia caindo quatro lugares. Vários países da Europa Leste, nomeadamente a República Checa, a Polônia e a República Checa estão fazendo grandes avanços, assim como a Itália.
Na América Latina e Caribe, o Chile é o país melhor avaliado (38º) e o Haiti, o pior (137º). Não houve grandes mudanças desde o ano anterior em termos de desempenho relativo, embora metade dos países da região tenham melhorando a sua classificação e a outra metade esteja estagnada. Considerando a pontuação absoluta, no entanto, a região tem se movido para cima. A fim de promover as forças de inovação fundamentais para prosperar no mundo digitalizado da Quarta Revolução Industrial, muitos governos na região precisam urgentemente reforçar seus esforços para melhorar seus ambientes regulatórios e de promoção da inovação.
Digitalização e inovação
De acordo com o estudo, a digitalização da economia está transformando tanto a natureza da inovação quanto a pressão imposta às empresas para que tragam respostas em ritmo constante aos desafios de mercado.
Segundo a análise, as transformações serão intensas, puxadas por novos sistemas tecnológicos, físicos e biológicos capazes criar rearranjos nas estruturas globais.
O relatório cita quarto fatores-chave desencadeados por esse cenário.
1. A revolução digital muda à natureza da inovação. Uma das principais características desse fenômeno é o fato de que ele é nutrido por diferentes tipos de inovação, potencializado pelas tecnologias digitais e novos modelos de negócios que surgem em decorrência delas.
Segundo o estudo, em muitos casos, a evolução das abordagens e modelos de pesquisa desencadeia a possibilidade de trazer inovação em produtos e processo com baixíssimos custos/esforços. O contexto tende a intensificar o movimento de “uberização” de atividades em múltiplas indústrias, especialmente no setor financeiro, de entretenimento e educação.
Os dados do estudo mostram que isso vai gerar uma busca desenfreada dos executivos e empresas por modelos inovadores.
Outro impacto significativo toca as métricas para avaliar níveis de inovação. Além disso, novos modelos de negócio passam a ser um componente cada vez mais importante nesse processo.
2. A pressão pela inovação contínua se intensifica. O relatório afirma que sete países se destacam em termos de impacto econômico e inovação digital. São eles: Finlândia, Suíça, Suécia, Israel, Singapura, Holanda e Estados Unidos.
Esse alicerce permite o surgimento de novas pressões competitivas, gerando um ciclo de inovação. Como o modelo digital chega a todas a indústrias, ser pioneiro passa a ser algo de extrema importância para quem sonha em liderar o mercado, especialmente devido ao fato de que companhias em algumas regiões não conseguem ser velozes o suficiente.
3. Governos e companhias não acompanham a velocidade tecnológica das pessoas. Nos anos recentes, as novidades tecnológicas são puxadas pela demanda dos consumidores. Esse crescimento na demanda por produtos e serviços digitais por uma base de clientes globais tem sido atendido por um número relativamente pequeno de organizações.
O World Economic Forum recomenda que empresas comecem a agir já e adotarem ferramentas para capturar uma parte desse segmento de mercado. Além disso, o mundo presencia um distanciamento cada vez mais intenso dos serviços oferecidos por governos (em relação ao mundo corporativo) nesse contexto digital. Na esfera pública, o investimento em recursos de tecnologia parece ainda mais urgente.
4. Uma nova economia está se formando, e requer novos modelos de governança e regulamentações, o que exige novas condições e adaptações para garantir a sustentabilidade dos modelos emergentes.
Da mesma forma que liberam novas estruturas econômicas, as tecnologias digitais acarretam transformações nas dinâmicas sociais que precisam ser gerenciadas a fim de trazer ganhos de longo prazo. O cenário criará novos tipos de liderança, governança e comportamento.
Fonte: CIO
Foto: Instituto Information Management