No Brasil, as empresas não investem em Inovação
Somente 36% das empresas brasileiras inovam e dessas apenas 2,4% inovam para o mercado mundial, divulgou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Alvaro Prata. Mesmo o índice negativo, o número de empresas inovadoras beneficiadas pelos incentivos do governo federal, como a Lei do Bem, cresceu de 34,2% no período 2009 – 2011 para 40,4% no triênio 2012 – 2014. Os dados são da Pesquisa de Inovação (Pintec) 2014 apresentada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
“Das empresas que inovam, é crescente o número daquelas que contam com algum benefício do governo. Hoje, 40,4% das empresas se apoiam em benefícios do governo federal”, avaliou Prata. Ele ressaltou, contudo, que, apesar dos incentivos concedidos pelo governo, é preciso ampliar os recursos para que um número maior de empresas invista em inovação.
“Apenas 36% das empresas inovam. E esse número não tem crescido. Dessas, apenas 2,4% inovam para o mercado mundial. A inovação tem que tornar nossas empresas mais competitivas. Isso tudo nos faz ver que há um espaço enorme para que nós possamos ampliar as nossas políticas e instrumentos. Há uma percepção de que o setor industrial não usa todos os benefícios e toda infraestrutura do nosso rico sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação. Esse é o nosso desafio: levar cada vez mais o conhecimento científico, que é bem sedimentado, para beneficiar o nosso desenvolvimento econômico e industrial”, afirmou.
Investimentos
A análise revela ainda que, em 2014, as empresas inovadoras investiram R$ 81,5 bilhões em atividades inovativas, o que representou 2,54% da receita líquida anual de vendas dessas empresas. Na indústria, o total das despesas com atividades inovativas foi de 2,12% da receita líquida, menor nível histórico já registrado pela pesquisa.
“A Pintec atual acaba, de certa forma, reproduzindo um quadro que a gente tinha observado na edição anterior. Foi uma pesquisa que transcorreu num ambiente de crise econômica. Tivemos uma estabilidade dos indicadores de taxas de inovação de dispêndio no total do âmbito da pesquisa, mas no segmento industrial, que é considerado líder em desenvolvimento tecnológico, a gente teve os piores indicadores de investimento da história em inovação”, constatou o gerente da Pintec, Alessandro Pinheiro.
Na opnião da diretora de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura do Ipea, Fernanda De Negri, as condições para o setor no país foram aprimoradas, mas o ambiente ainda auxlia para que as empresas deixem de investir.
“Ao longo do tempo, o Brasil criou uma série de políticas públicas para o setor e, com isso, teve um aumento no número de empresas apoiadas. Mas na última década, apesar de tanto esforço, cresceu muito pouco. Estou convencida de que existem condições que afetam o ambiente da inovação no país. As políticas são importantes, mas sozinhas não vão resolver. Temos que melhorar as condições econômicas e estimular a concorrência. Ainda há muita dificuldade para se abrir uma empresa no Brasil e barreiras de mercado”, completou.
Lei do Bem
Ao abrir a análise de relatórios sobre o uso de incentivos fiscais à inovação, o diretor de Políticas e Programas de Apoio à Inovação do MCTIC, Jorge Campagnolo, calculou que as isenções tributárias do governo federal chegam a R$ 1,7 bilhão por ano.
O valor é considerado baixo, especialmente porque apenas 1,2 mil empresas brasileiras fazem uso dos instrumentos previstos na Lei do Bem (11.196/2005). Segundo o MCTIC, o universo elegível aos incentivos poderia chegar a 40 mil empresas. A partir desse R$ 1,7 bilhão em renúncias fiscais, o governo federal estima a contrapartida de R$ 8 bilhões em investimentos.
Fonte: Convergência Digital
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