Cientistas criam vaso sanguíneo artificial idêntico ao natural
Um novo modelo de vaso sanguíneo artificial, capaz de imitar com fidelidade a estrutura real encontrada no interior do corpo humano, foi desenvolvido por cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália. A tecnologia, que pode revolucionar a realização de cirurgias, foi revelada em um estudo publicado na revista Advanced Materials, em setembro.
Fabricada com dois materiais naturais bem tolerados pelo organismo, a inovação segue a mesma estrutura de anéis concêntricos de elastina encontrada no corpo. A elastina é uma proteína responsável pela elasticidade dos vasos sanguíneos reais, permitindo que eles se expandam e se contraiam conforme o fluxo de sangue.
Nos testes pré-clínicos, realizados em camundongos, os tubos fabricados com a tecnologia não sofreram rejeição do organismo. Depois de um tempo, o material acabou se transformando em um “vaso sanguíneo vivo”, segundo a pesquisa, ao possibilitar o crescimento de novas células e tecidos nos lugares certos nas cobaias.
De acordo com o professor Anthony Weiss, do Charles Perkins Center, essa foi a primeira vez que a ciência desenvolveu modelos artificiais com um grau tão alto de semelhança com a versão natural. “A natureza converte esse tubo fabricado ao longo do tempo em um que parece, comporta-se e funciona como um vaso sanguíneo real”, destacou ele.
Limitações dos modelos atuais
Sendo estruturas tubulares que promovem a circulação do sangue pelo corpo, os vasos sanguíneos formam um sistema essencial para a distribuição de oxigênio e nutrientes, além de auxiliarem na remoção de resíduos. Divididos em artérias, veias e capilares, eles podem se romper, apresentar secção ou dilatação, causando problemas.
As versões artificiais são acionadas quando uma dessas situações acontece, sendo implantadas via cirurgia para resolver o problema. Mas há um porém: os modelos sintéticos feitos nos atuais processos de fabricação não duram muito tempo, exigindo a realização de novas intervenções para a troca e causando incômodo ao paciente.
Para o coautor do estudo, o professor Christopher Breuer, do Centro de Medicina Regenerativa do Nationwide Children’s Hospital em Columbus, nos Estados Unidos, a técnica tem grande potencial para crianças com doenças relacionadas aos vasos sanguíneos. Em vez de enfrentarem várias cirurgias, elas precisariam de apenas uma.
“Essa nova tecnologia fornece a fundação para a fabricação de vasos sanguíneos que continuam a crescer e se desenvolver ao longo do tempo”, explicou o especialista, em relação às doenças causadas por vaso sanguíneo anormal.
Mais benefícios
Outra vantagem do modelo de vaso sanguíneo sintético criado pela equipe da universidade australiana é a fabricação simples e rápida, em substituição aos métodos complexos, longos e caros utilizados no momento. Além disso, o tubo artificial pode ficar armazenado em um saco plástico estéril, com segurança, até ser utilizado.
Com as melhorias proporcionadas pela tecnologia, a capacidade de recriar a estrutura natural dos tecidos biológicos também permitirá aproveitar a inovação para desenvolver mais materiais sintéticos além dos vasos sanguíneos para cirurgias. A produção de válvulas cardíacas artificiais é outro exemplo de aplicação da técnica.
Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Vigilantes do Peso, Drauzio Varella, Estudos de Psicologia (Natal), Unimed