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Cientistas conseguem cultivar embriões humanos por 13 dias

- Saúde
Embriões: os resultados podem ajudar a explicar os abortos precoces e o motivo da fertilização in vitro ter uma taxa tão alta de insucesso

Cientistas internacionais conseguiram manter vivos embriões humanos cultivados em laboratório por 13 dias, um recorde que promete avanços na reprodução assistida, nas terapias com células-tronco e no conhecimento básico na formação dos seres humanos.
Os resultados da pesquisa foram publicados nas revistas científicas Nature e Nature Cell Biology na quarta feira no dia 04 de maio de 2016.

“Surpreendentemente, ao menos até os primeiros 12 dias, o desenvolvimento ocorreu normalmente na ausência da condição materna”, disse em um comunicado Ali Brivanlou, professor da Universidade Rockefeller, um dos principais autores do estudo.

Além de abrir uma porta para os primeiros passos na criação de indivíduos, os resultados podem ajudar a explicar os abortos precoces e o motivo da fertilização in vitro ter uma taxa tão alta de insucesso. Apesar dos resultados terem sido positivos e sido comemorado pela comunidade científica, eles colocam a ciência em rota de colisão com a legislação de muitos países e levanta questões éticas.

O limite legal para o cultivo de embriões humanos in vitro é de 14 dias e nunca tinha sido desafiado, pois se acreditava que era impossível que eles pudessem resistir e amadurecer fora do útero por tanto tempo. Em razão da norma, vigente em muitos países, os cientistas destruíram os embriões no 13º dia de cultivo.

Os cientistas sabem muito pouco sobre como o pequeno pacote oco de células chamado de blastocisto – que emerge de um óvulo fertilizado – se prende ao útero, permitindo que um embrião comece a tomar forma. Como esperado, o blastocisto cresceu e começou a se dividir em diferentes tipos de células que eventualmente dão origem a um feto e sua placenta. Diferentemente de experiências anteriores, nas que o crescimento raramente ultrapassava sete dias, os embriões mostraram uma inesperada capacidade de se desenvolverem fora do útero.

Problemas éticos
“Esta nova técnica nos dá uma oportunidade única de compreender melhor nosso próprio desenvolvimento durante os primeiros dias de vida e o que acontece, por exemplo, durante os abortos espontâneos”, disse Zernicka-Goetz.

O avanço também deve estimular a realização de pesquisas sobre o uso de células-tronco embriônicas para tratar certas doenças.

“Com esse conhecimento das células humanas, podemos controlar a sua capacidade de se tornarem tipos de células úteis para exames toxicológicos ou transplantes”, disse Gist Croft, também da Universidade Rockefeller.

Cientistas que não participaram da pesquisa saudaram os resultados como um marco importante.

Allan Pacey, também de Sheffield, disse que os estudos poderiam “revolucionar a nossa compreensão sobre os eventos iniciais do desenvolvimento embrionário humano”. Assim como outros especialistas que comentaram os resultados, Pacey disse que as preocupações éticas são provavelmente exageradas.

“Ele não vai abrir a porta para casais poderem cultivar bebês em laboratório. Isso não cria um cenário do Admirável Mundo Novo”, disse.
Mas a comunidade científica e os reguladores ainda terão que decidir se suspender ou estender a regra dos 14 dias, que é lei em uma dúzia de países, e uma prática aceita em outros cinco, incluindo os Estados Unidos e a China.

Grande parte dos cientistas defendem uma flexibilização dos regulamentos. Mas para outros especialistas, a questão não é tão simples.

“Se não usarmos a regra de 14 dias, que limite usaremos?” perguntou Henry Greely, diretor do Centro para Lei e Biociências da Escola de Medicina de Stanford, na Califórnia.

“O desenvolvimento humano é um processo contínuo”, acrescentou. “Mas, no fim das contas é necessário estabelecer limites”.

Fonte: Exame.com
Foto: Isis Inovation

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