Pesquisadores debatem melhorias em transfusões sanguíneas
Em março foi realizado, em Lagoa Santa/MG, o encontro anual de interação dos pesquisadores do programa REDS (Retrovirus Epidemiology Donor Study).
No Brasil, o Programa REDS teve início em 2007, sendo o principal estudo referente ao processo da doação de sangue e ao acompanhamento de exames para vírus em candidatos à doação, tendo como proposta encontrar as condições ideais para que se tenha cada vez mais um sangue seguro.
Nesta quarta etapa do estudo, o REDS-IV-P (Recipient Epidemiology and Donor Evaluation Study-IV-Pediatric) avaliará, pela primeira vez, terapias transfusionais em neonatos e crianças e ajudará a melhorar a eficácia dos tratamentos com hemocomponentes nesses pacientes. As informações, compiladas por meio de pesquisas conduzidas nos EUA e no Brasil, permitirão aos investigadores abordar questões-chave de pesquisa em medicina transfusional para adultos, crianças e outras populações de pacientes pouco estudadas, além de sugerir melhorias nas políticas de sangue.”
A reunião anual teve como ponto focal avaliar a coleta dos dados e analisar criticamente os resultados enviados pelos hemocentros em relação aos registros de doadores de sangue, das transfusões realizadas, do rastreamento de amostras, qualidade do banco de dados, entre outros. Durante o encontro, membros do programa dos Estados Unidos também participaram, via conferência online.
As instituições brasileiras que participam do estudo, além da Fundação Hemominas, são o Hospital das Clínicas da UFMG, Faculdade de Medicina da USP, Fundação Pró-Sangue, o Hemorio (RJ), o Hemoam (AM), e o Hemope (PE).
De acordo com o pesquisador e coordenador do Cetebio, dr. André Belisário, é muito importante acompanhar e avaliar as atividades do projeto, principalmente nesta etapa de coleta e análise dos dados, que está prevista para terminar em junho deste ano. “Após isso, inicia-se a produção de artigos e posterior divulgação dos resultados dos estudos do REDS-IV-P para a comunidade científica, que deve acontecer até 2026”, detalhou.
A coordenadora do projeto no Brasil e pesquisadora da Faculdade de Medicina da USP, doutora Ester Sabino, comemora o fato de muitos pesquisadores já terem participado dos estudos. E explicou que esta é uma etapa muito cuidadosa dos estudos. “Tínhamos uma cultura de passar rapidamente por essa fase, mas, ao longo desses anos, aprendemos com os americanos a importância da análise criteriosa dos dados”.
Quanto às próximas fases do estudo, a pesquisadora ainda não consegue confirmar a continuidade. “Seria muito bom que tivéssemos recursos próprios para manutenção desse projeto no Brasil, sem depender dos recursos de outros países”, completou.
Fases do REDS
Em sua primeira fase, o REDS estudou o impacto das sorologias positivas na segurança transfusional. Durante o REDS II (2007-2011), foram estudados temas como a transmissão do HIV, responsável pela AIDS (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida); a efetividade das perguntas realizadas na triagem clínica de candidatos à doação de sangue e a Doença de Chagas. Na fase III (2011 a 2018), o REDS estudou a doença falciforme, sendo considerado o estudo com o maior número de indivíduos com a doença falciforme já realizado no mundo.
Em 2019, teve início a etapa IVP, que dá sequência aos protocolos do REDS III, agora voltado, principalmente, aos pacientes pediátricos.
Fonte: ASCOM HEMOMINAS