Por que pacientes com casos graves de covid-19 têm precisado de hemodiálise.
Os efeitos do novo coronavírus têm sido notados em diferentes órgãos do corpo. Assim como o vírus Sars-CoV (causador da epidemia Sars), o Sars-CoV-2 vem mostrando-se agressivo aos rins, em proporção ainda maior do que seu irmão mais velho.
De acordo com a Sociedade Americana de Nefrologia, a estimativa é que 20 a 40% dos pacientes internado —e portanto, em estado grave— sofram com alguma alteração nos rins.
Médicos de diferentes países notaram a presença excessiva de proteínas na urina, um sinal de nefrite (inflamação nos órgãos). Além disso, os acometidos pela covid-19 também podem apresentar insuficiência renal, a perda de capacidade dos rins de remover e equilibrar fluidos no organismo, em diferentes graus.
Por que a covid-19 afeta os rins?
Ainda não se sabe exatamente por que os rins são afetados, mas os médicos acreditam que o resultado seja multifatorial, e já há pistas. Uma delas é que a “tempestade” inflamatória (uma reposta exagerada do sistema imune na tentativa de combater o vírus) possa também afetar os órgãos que tem como função filtrar o sangue e eliminar toxinas, causando a nefrite.
Também existe a possibilidade de ação direta do vírus nos rins-alguns relatos apontam que partículas do vírus já foram encontradas em células renais. Há ainda as alterações causadas pela trombose, que podem prejudicar a função de órgãos, e os efeitos hemodinâmicos, relacionados por drogas eventualmente necessárias e até a ventilação mecânica.
De acordo com especialistas, não é possível afirmar se as alterações nos rins acompanharão os pacientes quando eles se recuperarem da covid-19. A chance é maior dependendo de fatores como idade, se a pessoa já sofria de algum quadro renal, da gravidade da infecção e de quão lesionados foram os rins.
Para os pacientes que evoluem para quadros de insuficiência renal aguda ou crônica graves, a hemodiálise é necessária. O procedimento funciona como uma substituição artificial dos rins: o equipamento recebe o sangue do paciente por um acesso vascular, que é exposto à solução de diálise (dialisato) através de uma membrana semipermeável que retira o líquido e as toxinas em excesso e devolve o sangue limpo para o paciente.
Embora ainda não exista levantamentos ou reclamações oficiais de déficit das máquinas no Brasil, sabe-se que o país não está preparado para receber muitos casos de insuficiência renal.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, somente 8,75% dos municípios têm a tecnologia que “imita” a função dos rins, e a maioria está localizada na região Sudeste.
Fonte: UOL