Janeiro Branco: ‘Se parte do corpo se desequilibra, conjunto sofre’, alerta psicóloga
A campanha Janeiro Branco que alerta para saúde mental também desperta a atenção para o aumento significativo de transtornos relacionados ao humor e a ansiedade, como a depressão e os transtornos de ansiedade generalizada. É o que explica a psicóloga Naiana Carvalho.
“O preocupante ainda é o uso abusivo de medicamentos e a falta de acompanhamento médico ou psicológico adequado”, reforça a especialista em Gestalt-Terapia e mestre em Atenção Psicossocial. A ausência de uma assistência especializada pode ocasionar o agravamento do quadro, levando até a tentativas de suicídio, que tem aumentado significativamente, segundo o último dado da Organização Mundial da Saúde, a OMS, de abril de 2016.
Esse último relatório da OMS, aponta que mais de 800 mil pessoas se matam todos os anos, ou seja, a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida. O problema é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, de 2007 a 2016, 106.374 pessoas morreram em decorrência do suicídio.
“Penso que a importância de se falar sobre o Janeiro Branco seja a mesma do Setembro Amarelo, por exemplo, onde o objetivo é a informação e a prevenção”, garante. Naiana mostra que a sociedade em geral não dá tanta importância para a saúde mental quanto dá para a saúde física e a primeira acaba ficando negligenciada. “Muitas pessoas acreditam que estão passando apenas por ‘uma fase’ e que podem dar conta sozinha da situação”.
Um dos problemas comuns da sociedade atual é o transtorno de ansiedade, que é diagnosticado quando as preocupações começam a afetar significativamente a vida social e emocional da pessoa. “Sentir ansiedade frente a uma entrevista de emprego, uma viagem, uma apresentação de trabalho na escola é considerada normal”, exemplifica a profissional, que destaca que quando a pessoa deixa de sair de casa, realizar tarefas cotidianas, insônia frequentes ou tem preocupações excessivas que consomem quase 90% de seu dia, ou seja, quando a pessoa não consegue parar de pensar em determinado evento, pode ser que haja na verdade um transtorno de ansiedade que necessita acompanhamento médico.
A parceria entre psicólogos e psiquiatras pode ser muito importante para a melhora do paciente, como os de transtorno de ansiedade. “Os remédios vão atuar nas áreas cerebrais enquanto a terapia proporcionará ao indivíduo o entendimento das suas ansiedades”, destaca.
“Quando a gente ignora a saúde mental o nosso corpo físico começa a sofrer as consequências com as doenças que conhecemos como psicossomáticas”, explica. A psicóloga reitera que as pessoas têm que se conscientizar que cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da física. “Se uma parte do corpo humano se desequilibra, o conjunto todo sofre”, finaliza.
Fonte: G1